quarta-feira, 27 de abril de 2011

Começo a ter vergonha...

Começo a ter vergonha
De pertencer ao país
Com doença, peçonha
Conserva a febre na raiz

Como posso mais amar
O berço onde nasci?
Com tanta gente a gamar
Como isto nunca vi...

Políticos, erguem o punho
Outros símbolos, a seta;
Assim, chegaram ao cúmulo
Fazem da gente pateta

Falam, riem, estes fenómenos
Da política desabrida;
Onde estão os barómetros
Promessa, da melhoria de vida?

Gastam balúrdios em festanças:
O patego, disso abdica!
São piores que crianças
Filhos de gente rica
Assim, puseram as finanças
À porta da botica
Cujo remédio, esperanças
Da bancarrota aflita;
Destes energúmenos sem igual
O povo brada e grita
Ladrões, matastes Portugal...


domingo, 24 de abril de 2011

A Nova Ponte sobre o Rio Douro...


Ó ponte, donde melhor
Se pode avistar a água;
Quantos olhos, com ardor
Choram tanta mágoa...
Daqueles que pereceram
No leito do teu rio
E, tantos corações sofreram
A perda de um amigo...
Mas tu, querida ponte
És mais um bom atalho
Para os que buscam a fonte
Do sustento, do trabalho...
E, seguindo o teu rumo
Aguentando passos seguros
Orgulhosa e com aprumo
De jovens e velhos maduros
Observas com astúcia
Anotas na tua memória
Tantos soluços, tanta angústia
Que formam a tua história...
No cais ou no ancoradouro
No teu berço submerso e mortal
Que este eterno rio Douro
Tem algo de bom e algo de mal
Sendo da cor do ouro
Correndo sempre veloz
Há procura dum tesouro
Que só encontra na Foz
E, remexendo na areia
Tal como um garoto
Houve cantar a sereia
Na cidade do Porto
Que outrora, foi Capital
Do País que teve o gosto
De chamar-se Portugal...

sábado, 16 de abril de 2011

Isto faz-vos lembrar alguma coisa?

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.

José Régio - 1969

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Coincidência (Feliz ou Infeliz): Roberto, guarda-redes/Ministra da Defesa Espanhola!







Como nem só de futebol
Vive o bicho homem
Oh... Roberto espanhol
Os portistas não dormem

Naquela franca gentileza
Desceu Jesus à terra
Parecias a Ministra da defesa
Em tempo de guerra

Cuja arma de fogo
Deixa a descoberto
Como a baliza de jogo
Defendida por Roberto

É escárnio a comparação
Na feliz ou infeliz coincidência
Para defesa duma nação
É preciso mais inteligência

No peito, grande decote
Na defesa: Exército, Aviação e Armada
Para o inimigo que sorte
Não trará cuecas, nem nada

A não ser, meias de ponto de cruz
Ao jeito de fazer fogo
Tente esconder o obus
Pode ser atacada de novo

Ponha de aviso a metralha
Sentinelas em todo o lado
Em cima do olho, uma medalha
Procure ter mais cuidado

Para uma defesa mais cerrada
Use o centro de instrução e pesquisa
Ficará melhor acompanhada
Com o Roberto na outra baliza...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Dia 1 de Abril, dia das mentiras...

Acordei a rir, manhã primaveril
Sonhei que tinha ganho
Neste dia 1 de Abril
Com um certo arreganho
O famoso euromilhões
Notei que era uma utopia
E causa de algumas aflições
Porque é costume neste dia
Como já vai longe a fama
Que está sempre na mira
Ou a gente muito se engana;
Lá vem mais uma mentira
Quem seria o espertalhão?
Que levou a cabo tais artes
Pois, teve nessa ocasião
A esperteza de Sócrates
Em tudo quanto vemos
Na história, há sempre um poeta,
Meus amigos, é o que temos
Neste mundo pateta
Onde será difícil, pelo menos
Conseguir chegar à meta
E, pelo que tenho visto
Pela mentira ninguém acerta
Noutro primeiro-ministro
Se, das mentiras ditas
Fossem autênticas verdades
Haveria menos almas aflitas
Na procura de castidades
Fracos são aqueles que mentem
Que utilizam tais assimetrias
Tal como os que consentem
Nunca acabarão o dia das mentiras...