terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Chico das gravatas...

Todo aquele que é rico
Cheio de roupas fartas
Mas ao pobre Chico
Só lhe davam gravatas
Eram velhas, de nó coçado
Quase rotas, sem brilho
Sem valerem um cruzado
Do uso que terão tido
Dadas como esmola
Coisa que pouco aquece
Colocadas na suja gola
Deste parolo campestre
Coitado, não era nobre
Mas afinal quem diria
Que este desgraçado e pobre
Tinha uma gravata para cada dia
Uma gravata à segunda
Para terça outra tinha
À quarta, cor de penumbra
Na quinta outra vinha
A de sexta era creme
No sábado usava lilás
Ao domingo pegava na beije
Este macambúzio rapaz
Nem as gravatas com fartura
Melhoravam o uniforme
Na garganta uma secura
No estômago uma grande fome
A roupa não é tudo
Mas embeleza o corpo
Sem ter nada de pançudo
Vivia como um porco
Caminhava para cascudo
Na lei do menor esforço
Pouco valendo o orgulho
Do belo laço no pescoço
Há muitas gravatas em sortido
Gargantas há muitas mais
O pior é ter nascido
Onde não somos todos iguais…