Neste mundo de confusões
Que, relembrando o passado
O Virgílio aponta as profissões
Do seu antigo e saudoso povoado
Como recordar é viver, porém
Também sinto essa saudade
Na minha terra de desdém
Existiam tais coisas de verdade
Que nos davam mais liberdade
E, sendo criados sem mimices
Andávamos sempre à vontade
Até mesmo nas malandrices
Jogando pião, junto ao ferrador
Em frente à loja da ferragem
Ele tinha fama de doutor
Olhando à sua pertinaz bagagem
Das variados ofícios e artes
Dos pedreiros e dos picos
Das toscas retretes e açafates
Da servidão útil dos penicos
Mudaram-se os tempos
Modernizaram-se as funções
E, até os temperamentos
Vieram criar mais aflições
O tempo não chega para nada
Corre-se de manhã ao anoitecer
A sociedade está estagnada
Já começou a apodrecer
Para nós os reformados
Pouco esperamos deste desnorte
Apenas, nos prestem os cuidados
Bom seria termos essa sorte
Nestas recordações e saudades
Imbuídas de muita graça
Que o Virgílio sem leviandades
Trouxe de novo para a praça
Continua, amigo, gostei
Não desanimes, sê diligente
Porque para viver, eu sei
É preciso ter o coração quente...
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