Quando me sentei à mesa
Não fazia a menor ideia
Que ao servir-me com gentileza
Me trouxeram um bela ceia
Comi até não poder mais
Ficou a abarrotar a minha pança
Na linda terra de Vinhais
Muito perto de Bragança
Vinho: tinto ou branco?
De preferência, maduro;
Mas para meu espanto
Desconhecia o Cabeça de Burro!
Existe cada baptismo, invulgar
Que não escapam ao ateu
Depois de comer e pagar
O cabeça de burro, sou eu
Lá que o vinho era bom
E, se dúvidas houvesse
À beira do garrafão
Cada vez, mais apetece
O pior, é segurar o burro
Que só anda aos pinotes!
Mas, se o vinho era maduro
Como causa tais desnortes?
Por fim, pude confirmar
Deve-se beber com calma;
É que o vinho, se calhar
Dá-nos cabo da alma
Saí de canto em esquina
Cada passo, cada tropeço
Soube que , depois da vindima
O "burro" precisa de cabresto
Levado de empurrão, ao colo
Bêbado, meteram-me na cama
Porque esta de beber mais um golo
Não nos livra da fama
Burros de rédea solta
Que formam uma manada
Sentem-se à nossa volta
Cabeças de burro de cara inchada
Para outra vez, evito beber demais
Porque me faz andar a trote
Correndo leiras e quintais
Chegando a casa a galope...
TIC
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