quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Pão-Nosso de cada dia!

7 Dias sem… comer pão! 

A confissão fica-me mal? Quero lá saber. Digo-o, melhor, escrevo-o e subscrevo-o. Então com manteiga, da “verdadeira!”, Hummm…!

Domingo: É nosso hábito, antes da Missa das nove, passar com uma hora de antecedência pelo estabelecimento de pão quente para tomarmos a respectiva meia-de-leite e pão com manteiga, aproveitando também para lermos o jornal. Pão fresquinho/quentinho, ainda a fumegar, enchendo as nossas narinas com aquele cheirinho que todos conhecemos. Abri-lo com jeito e barrá-lo com manteiga que se derrete sem dificuldade, trincá-lo e sentir o delicado estaladiço da crosta a desvanecer-se na boca é gostosamente um pequeno lauto muito agradável. Ou queimar os dedos para tirar do lume aquela torrada de pão robusto que vai merecer manteiga e uma talhada de queijo fresco, acabadinho de sair do frigorífico. O contraste leva-nos ao… suspiro. Ou arrancar um pedacinho – de pão de hoje ou da véspera, que interessa isso – e molhá-lo nos sucos que restam do frango assado da muito distante infância…
Bem, se estas linhas não vos explicam exactamente a devoção que tenho ao Pão-nosso de cada dia, escusam de ler o resto. Não irão entender nadinha! Este primeiro dia não custou nada. Passei-o a imaginar as mil formas de comer pão que me dão prazer e, na verdade, parece que estou farto…
Combinámos passar uma semana sem comer pão. Este esforço ou jejum, tem como princípio saber ou poder avaliar a grande indigência mundial daqueles que não o comem por não o terem.
Assim: 
Começamos no Domingo 
Aposta por nós aceite 
Tomamos apenas um pingo 
Nada de pão, nem de leite 

Quando chegou a Segunda 
De manhã, na ocasião 
Começou a barafunda 
Não se pode comer pão 

Caminhando para Terça 
Pelas oito da manhã 
Houve a mesma conversa 
Pão, hoje não há 

Chegou a quarta-feira 
Pão, que saudade 
Não veio a padeira 
Nem de manhã nem de tarde 

Esperemos para quinta 
Pode haver alguma sorte 
Acabar por fazer a finta 
À jura do nosso porte 

Dizem que a sexta-feira 
É sempre dia de azar 
Se calhar faço a asneira 
E o voto vou quebrar 

Oh Sábado, trás o maná 
E eu com água na boca 
Comer pão só amanhã 
Hoje ninguém lhe toca! 

Finalmente é Domingo 
A fome já nada me arreiga 
Eu não quero o pingo; 
Meia-de-leite e pão com manteiga 

É esta a nossa história curta 
Para quem possui fartura 
Que nos colocou em disputa 
Uma ideia fictícia de loucura 

Haja maior respeito pelo pão 
E, por quem dele muito precisa 
Porque não pode haver perdão 
Por falta dele a quem agoniza… 

Por : Agostinho Teixeira Verde

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